sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Jared Leto 'messias' faz show-culto do 30 Seconds to Mars em São Paulo

Banda do ator que ganhou Oscar se apresentou na noite desta quinta-feira.
Ele pediu 'petição on-line' para ir ao Rock in Rio e declarou amor ao açaí.


Jared Leto diz que respeita e gosta muito dos fãs mais fervorosos, mas diz que seu show não é um culto (Foto: Flavio Moraes/G1)

Jared Leto entra no palco e lembra em tudo um messias/líder da seita (só que de óculos escuros): todo de branco, com uma bata folgada (regata) e um jaleco por cima, ele tem cabelos compridos (com luzes nas pontas), barba, usa uma coroa (dourada, não de espinhos) e um colar que parece um terço (no lugar da cruz, o triângulo estilizado que é o símbolo da banda).
E o que vem na sequência é um show-culto do 30 Seconds to Mars em São Paulo. Os fãs, a maioria meninas com bastante vontade de gritar, cantam junto pela 1h30 seguinte. Muitas choram. E suam. E desmaiam, eventualmente. Fazia tanto calor no Espaço das Américas na noite desta quinta (16), que o cantor pediu “água para todos” (nem precisou transformá-la em vinho). Com os ingressos esgotados, o público foi de 7 mil pessoas, informa a organização.
O 30 Seconds to Mars se garante com um rock que quer ser grandioso, de arena, e acessível. Alternando versos lentos e refrãos épicos, berrados e com “oh oh oh ohs!”, os hits como “Up in the air” (a primeira do set), “Search and destroy”, “This is war”, “Do or die”, “City of angels”, “From yesterday” e “Closer to the edge” (a última, com um grupo de fãs no palco) foram acompanhados também por papais e mamães. Ao fundo da pista premium, balançavam a cabeça, na medida do possível. E bebiam cerveja enquanto se abanavam com pedaços de papelão ou de isopor.

Mas por algum motivo – ou por todos os motivos... – tudo parece trilha sonora para o espetáculo protagonizado por Leto, que além de músico é ator. Vencedor do Oscar de melhor coadjuvante neste ano pelo papel de um travesti, ele faz declarações de amor e fica sem camisa no palco. Aos 42 anos de idade, o galã parece ter uns dez a menos (isso, porque a barba “envelhece”).
                           30 Seconds to Mars se apresenta em São Paulo nesta quinta-feira (16) (Foto: Flavio Moraes/G1)
Suas falas entre as músicas são tão aprovadas quanto seus sucessos. Sinceros, populistas ou ambas as coisas, os discursos surgem repletos de clichês (“façam barulho!”; “gritem!”; “pulem!”; “provavelmente o melhor público do mundo está aqui”) e de boa vontade.

No momento acústico do show (três canções, entre elas os hits “Hurricane” e “The kill”), Jared Leto fica sozinho ao violão no prolongamento do palco que chega ao meio do público. “Brasil, eu amo tanto vocês! Tenho uma pergunta: ‘Quem vai tocar no Rock in Rio do ano que vem?’”, questiona o cantor. (Na edição do ano passado, o 30 Seconds foi uma das atrações.) Já que ninguém responde, Jared demonstra ter um aguçado senso de oportunidade e faz lobby: “Acho que todo mundo devia pedir o 30 Seconds. Talvez vocês devessem fazer uma petição on-line”.
                     Jared Leto e o 30 Seconds to Mars se apresentam em São Paulo (Foto: Flavio Moraes/G1)


Pouco antes, ele tinha desejado “vida longa ao açaí” (no Rock in Rio, já havia demonstrado seu apreço pela fruta local) e feito um vídeo com seu celular. Na hora de publicar numa rede social, fez graça: “hashtag açaí; hashtag Brasil”. Ainda brincou: “Brasil com S ou com Z. Com S?! É, danem-se os americanos”. Um sedutor, enfim.

Outra iniciativa aprovada é a convocação dos fiéis ao palco no fim do show, em “Closer to the edge”. É o auge da adoração, com chuva de papel picado e tudo. Teve até uma breve citação de Pantera. Os acordes escolhidos foram de “Cowboys from hell”. Ali, naquela hora, os presentes sequer pareceram se dar conta de que a trilha era “Caubóis do inferno”. Só tinham olhos para o messias.


                                       30 Seconds to Mars em show em São Paulo (Foto: Flavio Moraes/G1)

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